O RISCO da Afirmação “isso sempre foi assim.”

O que essa frase costuma sinalizar

  • Viés do status quo / apelo à tradição: confunde hábito com evidência.
  • Economia cognitiva: poupa energia de pensar… às custas de boas decisões.
  • Defesa de território: serve para travar mudança quando há interesses em jogo.

Riscos reais para times e organizações

  • Erros não detectados: premissas antigas deixam de valer e ninguém percebe.
  • Conformidade e ética: leis, normas e expectativas mudam; o “sempre” pode virar não-conforme.
  • Segurança e risco operacional: controles envelhecem; incidentes ocorrem por “herança”.
  • Dívida técnica/processual: acumula trabalho ruim que encarece qualquer evolução.
  • Perda de cliente/valor: contexto e necessidades mudam; a solução fica fora de sintonia.
  • Desigualdade e exclusão: práticas antigas podem perpetuar vieses.

Quando pode ser legítimo

  • Domínios de alta confiabilidade (aviation, saúde, finanças): estabilidade é virtude — mas acompanhada de revisão formal de evidências e auditorias.
  • Processos regulados: manter igual é ok se houver documentação, métricas e revalidação periódica.

Como responder na hora (sem virar “o chato da mudança”)

  1. Peça o dado mínimo
    “O que nos mostra que ainda funciona? Métrica, incidente, custo, satisfação.”
  2. Traduza para risco ou oportunidade
    “Se continuarmos assim, qual é o pior caso? E o ganho se ajustarmos 10%?”
  3. Proponha experimento de baixo risco
    “Vamos rodar um teste A/B por 2 semanas com critério de sucesso claro?”
  4. Defina revisão com prazo
    “Se não mudarmos agora, reavaliamos em 90 dias com estes indicadores.”

Checklist de sanidade (copie/cole)

  • O contexto externo mudou nos últimos 12 meses?
  • Quem se beneficia e quem é prejudicado por manter igual?
  • Temos evidência atual de eficácia/segurança/custo?
  • Qual é o custo da inércia vs. o custo da mudança?
  • Há alternativa reversível para testar?
  • Quem decide e quando revisitamos?

Exemplos rápidos

  • TI: “sempre liberamos acesso manual” → risco de auditoria e vazamento. Contramedida: automação + revisão trimestral de acessos.
  • Atendimento: “sempre respondemos em 48h” → concorrência está em 2h. Pilote fila prioritária + chatbot com SLA de 6h.
  • RH: “sempre recrutamos por indicação” → diversidade cai; crie processo cego nas primeiras triagens.

Frases alternativas saudáveis

  • “Funcionou até aqui por causa de X; ainda é verdadeiro?
  • “Qual é a menor mudança segura que podemos testar?”
  • “O que teria de ser verdade para manter igual por mais 12 meses?”

Em resumo: “sempre” é uma palavra cara. Use dados, prazos e pequenos experimentos para transformá-la em decisão consciente — e não em piloto automático.

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